Ciclo de eventos para elaborar a construção do Plano Nacional de Logística 2050 teve início nesta quarta (9)/ Crédito: Michel Corvello/MT
Um setor que é a base do PIB brasileiro e que se expande aceleradamente a cada ano. O agronegócio cresceu 12,2% no primeiro trimestre de 2025, em relação ao último trimestre do ano passado. No período, a economia brasileira registrou avanço de 1,4%, segundo o IBGE.
Escoar uma produção tão abundante, para dentro e fora do país, exige uma infraestrutura de transporte eficiente, com menos gargalos logísticos, que acabam elevando o Custo Brasil. Para pensar o planejamento logístico de médio e longo prazo, teve início nesta quarta-feira (9), em Brasília, o primeiro debate — de uma série de dez —, sobre o aperfeiçoamento do Plano Nacional de Logística 2050. O ministro dos Transportes, Renan Filho, abriu o evento.
“É fundamental elaborar um plano nacional para o desenvolvimento logístico que dialogue com a realidade. Então nós estamos, por exemplo, levando em consideração as notas fiscais eletrônicas para estimar o volume de carga transportada no Brasil. Isso vai dar um componente de realidade muito grande das rotas, da produção de cada região, porque estabelece os roteiros da infraestrutura, os caminhos logísticos importantes”, afirmou.
Um dos principais eixos do Plano Nacional de Logística 2050 é aproximar as zonas de produção agrícola dos centros de distribuição e terminais portuários, ampliando a eficiência do escoamento e reduzindo gargalos recorrentes..
Os portos do Arco Norte, por exemplo, têm potencial estratégico por estarem mais próximos das áreas produtoras do Centro-Oeste. Um caminhão que transporta grãos do Mato Grosso até o Porto de Santos (SP), o maior do país, consegue realizar duas viagens por mês; no mesmo período, são possíveis até seis deslocamentos rumo a alternativas do Arco Norte.
“O Mato Grosso hoje é o maior produtor de grãos no Brasil, com 68% da produção do país. Mas quando a gente fala em escoar isso pelos portos do Arco Norte — tão conhecidos, que vão de Manaus até a Bahia —, só temos escoado 35% de toda essa produção”, explica Elisangela Pereira Lopes, assessora técnica de Logística da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
A descentralização das cargas tem potencial para reduzir filas em terminais e acessos, aliviar a pressão sobre a infraestrutura portuária do Sul e Sudeste, além de estimular economicamente outras regiões produtoras do país.
“À medida em que o agronegócio cresce, em que a indústria cresce — no ano passado cresceu 4% do nosso país —, em que o setor de serviços cresce, a gente precisa cada vez mais estruturar a agenda logística do país. E é o que a gente está fazendo”, disse, durante o evento, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho.
Investimento e desenvolvimento
Ciente do papel estratégico da infraestrutura de transporte como vetor do desenvolvimento econômico e social do país, o Ministério dos Transportes têm investido como nunca se investiu até então no setor.
Os projetos buscam adequar os modais às necessidades atuais, enfrentando o desafio de modernizar um sistema que, ao longo do tempo, se tornou defasado. Somente no segmento das rodovias, de 2023 até junho de 2025, foram concluídos 14 leilões de concessão e otimização, somando R$168 bilhões em recursos contratados e 7.400 quilômetros de estradas concedidas. Para se ter uma ideia, na gestão anterior, o Governo Federal realizou apenas 6 leilões rodoviários.
Intermodalidade
Ampliar a integração entre os diferentes modais de transporte, para tentar reduzir a dependência das cargas concentradas nas rodovias, também está entre os objetivos do PLN 2050. Por meio de levantamentos realizados em todas as 27 unidades federativas brasileiras, será feito um diagnóstico capaz de mapear as melhores alternativas logísticas, que podem ser executadas por ferrovias, hidrovias e aeroportos, a fim de potencializar a eficiência dos percursos.
Nesse sentido, o fluxo de mercadorias será direcionado para o modal com menor impacto poluente e melhor desempenho em longas distâncias.
“O nosso grande desafio é repensar a nossa forma de fazer logística, a nossa matriz de transporte, apostando mais em meios de transporte de alta capacidade. Mas, para fazer isso, precisamos construir o PNL por meio de uma visão de Estado, e não de governo”, comentou Davi Barreto, presidente da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF).
Sustentabilidade
Atento aos critérios de sustentabilidade exigidos pelo contexto global frente às mudanças climáticas, o PNL 2050 irá avaliar aspectos em diversos setores, com ênfase na redução das emissões de gases de efeito estufa e na promoção de práticas responsáveis, além de aprimorar as condições para a obtenção de licenciamento ambiental, essencial para a realização das obras.
Escuta ativa e estratégica
Depois deste primeiro evento em Brasília, os debates sobre o PNL 2050 seguem por outras dez capitais brasileiras. O objetivo é ouvir os setores que compõem a cadeia da infraestrutura de transporte – rodoviário, ferroviário, aeroportuário e hidroviário -, para entender as particularidades regionais e identificar oportunidades de investimento e inovação dentro do planejamento que será lançado até o final deste ano.
O PNL 2050 será o primeiro plano a ser elaborado seguindo as determinações do Planejamento Integrado de Transportes (PIT), que busca ampliar a competitividade nacional, promover o desenvolvimento regional e fortalecer a integração do território. O PIT foi instituído pelo presidente Lula, em maio de 2024, pelo Decreto nº 12.022/2024.
“O PNL vai ser uma ampla oportunidade para um debate nacional. Nós vamos fazer isso com o Ministério de Portos e Aeroportos, o Ministério do Planejamento e a Casa Civil, colaborando com a coordenação geral disso tudo”, concluiu Renan Filho.
Fonte: Ministério dos Transportes