Governo federal prepara pacote de estímulo ao transporte de cabotagem que pode beneficiar portos do RS

Governo federal prepara pacote de estímulo ao transporte de cabotagem que pode beneficiar portos do RS

Governo federal prepara pacote de estímulo ao transporte de cabotagem que pode beneficiar portos do RS

Notícias

Um dos objetivos do plano é baratear custos e facilitar entrada de novas empresas no mercado

Félix Zucco / Agencia RBS
Terminal da Capital é um dos três portos do RS que seriam beneficiados com o projeto em gestação no governo federal / Agencia RBS

Dono da quarta maior costa litorânea do país, com 623 quilômetros, o Rio Grande do Sul recorre ao Atlântico para movimentar pelo país menos de 3% de sua carga. De cada cem mercadorias que atravessam o Rio Mampituba (ou circulam abaixo dele), 88 são embarcadas em caminhões. Embora essa dependência do transporte rodoviário não seja exclusividade gaúcha, o índice aqui é superior ao brasileiro, calculado em 65%. Na China, é de 32% e na União Europeia (UE), 45%.

A intenção é baratear custo e facilitar a entrada de novas empresas no mercado, o que beneficiaria o Rio Grande do Sul. Quarta economia do Brasil, o Estado tem três portos marítimos — Rio GrandePelotas e Porto Alegre — que movimentaram 44,7 milhões de toneladas no ano passado, dos quais 22% por cabotagem.

Diretor do Departamento de Navegação e Hidrovias do Ministério da Infraestrutura, Dino Antunes Dias Batista adianta que o programa, tratado como prioridade do Ministério da Infraestrutura, manterá a prestação da cabotagem restrita a empresas brasileiras, mas derrubará a norma que exige autorização da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) para afretar embarcações estrangeiras. Hoje, só é possível alugar navio internacional após esgotamento da frota nacional.

— Daremos um choque de oferta na cabotagem, porque a prioridade do transporte, hoje, é para embarcações com bandeira brasileira. Pelas nossas avaliações, não haverá prejuízo para ninguém. Existe mercado para todos — argumenta.

Outra mudança diz respeito ao início da operação, somente permitida após dois passos principais: constituição de empresa no Brasil — ainda que de capital estrangeiro — e compra de embarcação.

A proposta permitirá o afretamento mesmo que a empresa não tenha navio próprio. Mas haverá uma ressalva. Valerá apenas para serviços que ainda não são prestados no país. Batista exemplificou a alteração citando o transporte de automóveis por navios, chamado de roll on roll of:

— Empresa que quer fazer roll on roll off hoje, antes de qualquer coisa, precisa ter navio apropriado. Isso muda. Como ninguém faz, em vez de comprar uma embarcação, a empresa brasileira poderá afretar.

Há, ainda, outras medidas pensadas para incentivar a fabricação de navios no Brasil e baixar o custo operacional. Uma delas é a eliminação do ICMS aplicado sobre o combustível das embarcações, percentual que varia entre os Estados. No Rio Grande do Sul, é de 18%.

No programa, serão detalhadas, também, medidas para qualificar os trabalhadores da cabotagem, melhorar portos e impulsionar serviços de reparo e manutenção. Batista, ao lamentar a inexistência de parques industriais que façam esses consertos, diz que a oferta resultaria em economia financeira e de tempo, já que os empresários precisam levar os navios a países como Portugal, Turquia e China.

— Se falasse que todas essas medidas dobrariam a cabotagem no Brasil, estaria mentindo. Cerca de 80% da cabotagem é de petróleo, seus derivados e bauxita. Tudo o que se produz disto é transportado por cabotagem. Nossa meta é dobrar os outros 20% — sublinha, acrescentando que o governo ainda estuda se o BR do Mar será apresentado como medida provisória ou projeto de lei.

Para a Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem (Abac), há desigualdade no tratamento entre os modais, o que prejudicou historicamente a cabotagem. Conforme a entidade, enquanto o Brasil escoa 16% da produção por hidrovias (marítimas ou não), a China alcança 47% e UE, 41%. Otimista, Luis Fernando Resano, vice-presidente-executivo da Abac, avalia que, se implantado, o programa ajudará a dobrar a movimentação de contêineres em três anos. Conforme a Antaq, foram transportados 832,5 mil contêineres no Brasil em 2018 e 82 mil no Rio Grande do Sul.

— Vamos entregar aos clientes da cabotagem um serviço mais barato. O combustível, por exemplo, representa mais de 50% do custo de operação, por isso a eliminação do ICMS será essencial — afirma Resano.

 

Principais pontos da proposta

  • Mantém a operação de cabotagem restrita às empresas brasileiras.
  • Permite afretamento de embarcações estrangeiras.
  • Hoje, a autorização é concedida pela Antaq apenas quando o estoque nacional está esgotado.
  • Autoriza as empresas brasileiras a afretarem embarcações, nacionais ou internacionais, mesmo sem ter navio próprio. Medida somente é válida para serviços que ainda não são prestados.
  • Incentiva a fabricação de embarcações no país, com redução de impostos
  • Zera o ICMS cobrado sobre o combustível usado pelas embarcações — exige aval dos Estados.

O que é cabotagem

  • É a navegação entre portos brasileiros feita exclusivamente por via marítima ou, sequencialmente, por vias marítima e interior.
  • São considerados portos marítimos, segundo o Ministério da Infraestrutura, aqueles aptos a receber linhas de navegação oceânicas, tanto em longo curso (internacional) quanto em cabotagem (doméstica), independentemente da sua localização geográfica. Por isso, os portos em Porto Alegre e Pelotas, mesmo distantes da costa atlântica, são considerados marítimos.

Fonte: Gaúcha ZH

Posts Relacionados

ANUT faz reunião com VALE/VLI

26/05/2023

Notícias

ANUT faz reunião com VALE/VLI

Executivos ANUT e diversos associados fizeram hoje (26/maio) reunião com a VALE sobre Estrada de Ferro Vitória a Minas.

Saiba mais
ANUT realiza reunião com DNIT

25/05/2023

Notícias

ANUT realiza reunião com DNIT

Foi realizada hoje (25/maio) reunião com DNIT para tratar da BR 381/MG, dado o precário estado geral da via e a proximidade do próximo período de chuvas.

Saiba mais
ANUT realiza 6ª reunião do GT Painel Logístico

25/05/2023

Notícias

ANUT realiza 6ª reunião do GT Painel Logístico

Foi realizada no último 23/maio, a 6ª reunião do GT Painel Logístico, com participação de 20 associados representando 11 associados. A próxima reunião do Grupo está agendada para 20/junho.

Saiba mais