Governo estuda proteção cambial nas concessões
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O governo estuda a criação de novos mecanismos financeiros para proteger investidores estrangeiros do risco cambial nas concessões de infraestrutura. Fontes ligadas ao Ministério dos Transportes e ao Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), que participaram de reuniões com potenciais investidores em Londres e Tóquio nas últimas semanas, disseram ao Valor que essa continua sendo uma das principais demandas dos estrangeiros que pretendem participar de grandes projetos no país.
A ideia em discussão prevê o uso de instrumentos de mercado. O Banco Central poderia, por exemplo, aumentar a oferta de swaps cambiais e emitir títulos conversíveis, mas sempre restritos aos investidores nas concessões de infraestrutura. O Valor apurou, no entanto, que a equipe econômica não tem simpatia por esse mecanismo e descarta iniciar discussão que possa envolver o uso das reservas internacionais.
Relatos das autoridades que foram “vender” as concessões de infraestrutura no exterior indicam que há grande preocupação dos investidores com a viabilidade econômica dos projetos licitados no governo Dilma Rousseff. Por isso, uma medida provisória que abre a possibilidade de rescisão “amigável” dos contratos e prevê indenizações aos atuais concessionários deve ser publicada nos próximos dias. A versão final da MP foi discutida anteontem entre o secretário-executivo do PPI, Moreira Franco, e os ministros Maurício Quintella (Transportes) e Dyogo Oliveira (Planejamento).
A preocupação com o risco cambial é mais forte entre fundos de pensão e de investimentos, que não atuam em setores de infraestrutura. Grandes operadoras internacionais de aeroportos, por exemplo, não têm essa preocupação porque vêm para o Brasil com a disposição de ficar décadas à frente das operações. Para elas, o hedge é uma necessidade menor e os efeitos das variações cambiais são mitigados no longo prazo, em contratos com 30 anos de duração.
A visão dos fundos, investidores financeiros, é diferente. Embora tenham também foco no longo prazo, eles querem ter a opção de se desfazer rapidamente de participações acionárias nos projetos de infraestrutura para realizar lucros ou cobrir perdas no exterior. Por isso, acenam que só colocarão dinheiro nas concessões se estiverem protegidos do risco cambial.
Fonte – Valor Econômico