Como o investimento em transporte impacta sua vida e a economia do país
Notícias
Em um país de proporções continentais, com importantes regiões produtoras de alimentos, insumos e produtos por todos os seus cantos, o sistema de transportes é fundamental para fazer com que toda essa riqueza chegue de forma homogênea aos diversos estados brasileiros. Nas estradas, nos trilhos dos trens, a bordo de aviões e nos navios passam milhões de pessoas por ano e tudo que é plantado e manufaturado no país, o que faz a economia girar. Hoje, o setor de transportes corresponde a cerca de 12% do PIB brasileiro. Para que isso aconteça de uma forma mais ágil, barata e se torne mais acessível à população, o investimento nos diversos modais é importantíssimo.
O principal meio de transporte usado no Brasil é o rodoviário, que concentra 61,1% da movimentação de cargas ao ano no país. Seguido pelo ferroviário (20,7%), aquaviário (13,6%), dutoviário (4,2%) e aeroviário (0,4%) – segundo dados da Confederação Nacional do Transporte (CNT). Por meio deles são levados os insumos e produtos aos mais diversos lares brasileiros. No entanto, especialistas apontam que o ideal é que se busque um equilíbrio entre os diferentes modais.
Assim, um tipo de transporte supriria as deficiências do outro, pois onde o trem não chega, pode-se usar um caminhão. Se não há opções por terra, uma barca pode resolver, e assim por diante. Com isso, melhora-se a distribuição de riqueza, que se torna mais homogênea, com aumento do emprego e renda. Isso também provocaria redução de custos para produtores e consequentemente diminuição dos preços para o consumidor.
Porque a falta de investimento pesa diretamente no bolso de toda a população. Um estudo do Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) mostrou que consumidores brasileiros gastam por cada dólar pago com alimentação cerca de US$ 0,08 para cobrir o transporte. Isso é aproximadamente três vezes mais do que nos Estados Unidos, por exemplo.
Investimentos precisam ser maciços
Um dos problemas do investimento em transportes é que eles precisam ser grandes, na casa dos bilhões. E esses valores só aumentam com o adiamento, pois a demanda reprimida cresce. Para se ter uma ideia, segundo dados do Plano Nacional de Logística e Transportes (PNLT), seriam necessários investimentos na ordem de R$ 423,8 bilhões até 2031.
O urbanista destaca que ocorreram melhorias em outros modais nos últimos anos, especialmente o aéreo, com o investimento em infraestrutura dos aeroportos e a navegação de cabotagem. O Brasil viu um salto gigante no transporte de passageiros nos aeroportos. Em 2007, 61,5 milhões pessoas voaram no país. Em 2014, foram 124,4 milhões pessoas. Mas o transporte de passageiros ainda é predominantemente pelas estradas. Em 2015, de acordo com dados da CNT, 107,8 milhões de pessoas fizeram viagens estaduais e internacionais pelas rodovias.
Caldana afirma que o desenho do sistema de transportes brasileiro ainda é focado na concentração, com poucos Hubs (pontos de distribuição). Eram frequentes situações irracionais, como um produto feito no interior da Bahia ter que ser enviado para São Paulo e depois ser reenviado para ser vendido em Salvador. Nos últimos 15 anos, isso melhorou muito, mas o país precisa apostar mais na intermodalidade, capilaridade e descentralização para ter ganhos econômicos e sociais. “Agora a gente precisa começar a caminhar e tentar acelerar os investimentos de infraestrutura. É um mau que já tem diagnóstico”, finaliza.
Parceria entre governos e iniciativa privada
E justamente por ser um volume muito grande de dinheiro que o poder público precisa da iniciativa privada. O Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), criado em 2016, é uma estratégia do Governo Federal para turbinar o setor de infraestrutura em parceria com as empresas. Entre os primeiros projetos anunciados nas PPIs estão empreendimentos ligados ao Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil, com investimentos em aeroportos, ferrovias, terminais portuários e rodovias, no valor estimado de R$ 36,6 bilhões.
O presidente da Associação Paulista de Empresários de Obras (Apeop), Luciano Amadio Filho, ressalta que governos e o setor empresarial devem encontrar soluções que beneficiem o país. Como o Estado não tem condições de fazer os investimentos sozinho, é preciso chegar a um modelo de seja bom para o governo e para as empresas e a população deve ser informada de tudo o que será feito e quanto irá custar. “É preciso sentar na mesa com os governantes e decidir, de forma transparente”, comenta.
Fonte – G1